Irina Shayk e Andressa Urach (Foto: AgNews) |
Foi-se o tempo em que as semanas de moda brasileiras de verão concentravam beldades em trajes sumários e variações de estampas de maiôs e biquínis. Salvo raras exceções, o guarda-roupa migrou da praia para os looks de rua. Viam-se até mantôs para as escaldantes temperaturas locais. Do corpo da escultural Gisele Bündchen, por exemplo, pouco se viu na passarela – ela usava looks comportadíssimos e ainda levou o maridão, o jogador americano Tom Brady, para a plateia (ovacionadíssimo como ela). Mais família, impossível.
A razão disso é a concorrência cada vez maior que as marcas médias e de alto luxo nacionais vêm enfrentando com o crescimento do varejo de fast fashion e com a consolidação das grifes estrangeiras no país. As primeiras oferecem preços baixos e uma oferta rápida das tendências do momento; as segundas, os looks consagrados das passarelas internacionais.
As marcas nacionais estão à procura de um lugar ao sol no próximo verão. E quem se deu bem foram os estilistas que apostaram em coleções mais autorais, como a excepcional Paula Raia, com vestidões que caem bem para suas clientes abastadas tanto nos tapetes vermelhos do mundo quanto nas festas dos ricos de Trancoso. Seguiram a mesma linha Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço e Adriana Degreas, que mostrou caftãs de seda e biquínis comportados com rendas vazadas a laser.
Uma boa sacada do evento foi apostar em novos nomes, como Giuliana Romano e Lily Sarti, duas marcas que têm boa receptividade comercial em São Paulo mas que ainda estavam fora da órbita do grande público. “Depois de sete anos de atividade, vimos que era hora de dar esse passo além em termos de visibilidade”, diz Fabiana Delfim, sócia da Giuliana Romano e filha do ex-ministro Delfim Neto. Ele assistiu ao desfile da primeira fila.
A ministra da Cultura, Martha Suplicy, anunciou que está preparando um plano de estímulos para o setor de moda. É bom que corra; o Fashion Rio, a semana de moda carioca, não terá mais sua edição de inverno, depois de quase 20 anos, conforme ÉPOCA antecipou.
Em seu lugar, deve acontecer uma semana de moda de alto verão, provavelmente em setembro. “É a vocação do Rio”, diz Paulo Borges, organizador dos eventos. Mas a questão é mais profunda; emparedadas pela concorrência voraz, será que as marcas nacionais terão fôlego financeiro para enfrentar três semanas de moda? Um desfile pode custar entre R$ 50 mil e R$ 500 mil.
Num mercado que movimenta anualmente R$ 50 bilhões, as marcas nacionais de médio e alto luxo lutam contra um ambiente hostil de negócios, sobretaxação e reclamações trabalhistas. Enquanto a SPFW exibia seus modelitos, no Rio uma bordadeira protestava em frente à loja da tradicional grife Maria Bonita, em Ipanema, contra uma dívida de R$ 150 mil. A dívida total da marca, há mais de 30 anos no setor, com os credores é de R$ 44 milhões. Uma notícia que caiu como uma balde de água fria na temporada fashion carioca, que começa na terça-feira.
Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/bruno-astuto/
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