quarta-feira, 23 de julho de 2014

Blogueiras rebatem críticas após declarações polêmicas do editor de moda do “Le Figaro”

Depois da repercussão da entrevista do editor de moda do jornal francês “Le Figaro”, Godfrey Deeny, que afirmou que “blogueiros não têm muita cultura de moda”, é a vez de ouvir o outro lado.

A relevância dos blogs e dos blogueiros para o mercado de moda atual é inegável. Mas volta e meia eles são alvo de críticas. Veja o que Godfrey Deeny disse sobre o fenômeno:

— As coisas mudaram muito com a web. Existem duas contradições no jornalismo. Acho que no jornalismo político isso expôs muita verdade. E do outro lado, na moda, por exemplo, os blogueiros viraram uma espécie de fanzine, uma espécie de representantes das grandes marcas. Eles ganham as bolsas, as viagens, mas jamais criticam. No fim, eles não têm muita cultura de moda. Você não pode conversar com essas pessoas [sobre moda]. Eu posso escrever a necrologia do estilista enquanto ele ainda está vivo. Nunca vi um blogueiro que tenha feito isso, que tenha verdadeiramente uma cultura de moda. Vejo eles como que ajudando o poder, não sendo um espelho do que eles realmente acham. Eles têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade. Se você for a um desfile importante, 30 lugares são para jornalistas e tem um ou dois blogueiros na primeira fila. Felizmente, porque nós somos as pessoas sérias. Talvez um dia a gente vá ver um verdadeiro crítico de moda que saia do mundo do blog, mas ainda não existe.



Com isso, ouvimos quatro blogueiras e uma expert no assunto. Veja o que dizem Camila Coutinho, do blog Garotas Estúpidas; Mariah Bernardes, do Blog da Mariah; Chris Francini, do Look do Dia; e Lia Camargo, do Just Lia, além da fundadora e CEO da plataforma de blogs F*Hits, Alice Ferraz, que tem o seu próprio blog.

Camila Coutinho


©Reprodução

O que você acha da afirmação “blogueiros não têm muita cultura de moda”?

Acho que é uma afirmação muito radical e não concordo. Nós vivemos uma cultura de moda em que tudo é muito rápido. Por isso, temos mais acesso à cultura de moda do que pessoas mais antigas. Eles têm cultura de moda, mas nós somos muito mais rápidos, somos da cultura digital. Eu acho muito importante ter cultura de moda, mas eu sei o que funciona para o meu veículo, para o meu leitor. Tenho vários livros de moda, mas o meu leitor não quer saber disso. Ele quer ver o que estou usando, que marca é, quem é o estilista. Acho que é mais uma cultura pop de moda. As pessoas mais antigas não sabem coisas sobre o mundo digital que os blogueiros sabem. E acho que todo mundo tem que se atualizar, eles e nós.

Entre outras coisas, Godfrey Deeny afirma que os blogueiros jamais criticam as marcas em seus blogs. Você concorda? Você já fez críticas em seu blog?

Já fiz várias críticas no blog, mas tem maneiras e maneiras de criticar. E isso eu aprendi nesses oito anos de blog.

Quando você vê um desfile ou uma coleção de que não gosta, você publica em seu blog? Como você lida com algo que não gosta?

Se for uma marca que eu gosto, eu falo, e já publiquei esse tipo de crítica várias vezes em meu blog. Mas isso tem que ser feito de uma maneira educada e construtiva. Nas ‘fashion weeks’, por exemplo, eu cubro as marcas que interessam para o meu leitor. Se mesmo assim eu não gostar do desfile, digo que não gostei, porque a gente fala em primeira pessoa, mas sempre com jeito.

Godfrey Deeny também afirma que “os blogueiros têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade”. Você concorda?

Os blogs movimentam o mercado porque o consumidor quer isso, quer a opinião pessoal. E as blogueiras têm que se reinventar constantemente. Todo ano, faço um brainstorm para reinventar o blog. Analiso o blog e me analiso, porque são duas coisas separadas. Como tudo é muito rápido, precisa de muita criatividade sim. Neste ano, passei a ter programetes no YouTube e vamos sempre inventando coisas novas. Isso é diferente de quem trabalha com site, revista e jornal. Os blogs não precisam de grandes investimentos, como esses veículos; precisa do Wi-Fi e do computador e você pode ter um blog, mas precisa de muita criatividade. Por isso que eles influenciam o mercado. Mas acho que eles também influenciam a criatividade na moda. A Moschino e a Kenzo, por exemplo, têm uma estratégia de pensar a marca para o digital e para o street style, para os blogueiros. A Moschino, enquanto acontecia o desfile, as peças já estavam à venda na Colette, e isso tem muito a ver com as blogueiras de moda, que impõem essa velocidade. É uma estratégia pensada para gerar desejo instantâneo e a pessoa sair dali e ir à loja comprar. Com o excesso de informação, as pessoas querem cada vez comprar mais rápido; elas não aguentam esperar. As minicoleções, por exemplo, também têm a ver com isso. Em vez de duas coleções por ano, cada vez mais as marcas investem em coleções mais comerciais, de entressafra, por causa dessa velocidade.

Mariah Bernardes


©Reprodução

O que você acha da afirmação “blogueiros não têm muita cultura de moda”?

A opinião de moda de uma blogueira é baseada no seu gosto pessoal. Acredito que o Godfrey está confundindo posições – na moda, jornalistas e blogueiras ocupam lugares diferentes e cada um tem seu espaço.

Entre outras coisas, Godfrey Deeny afirma que os blogueiros jamais criticam as marcas em seus blogs. Você concorda? Você já fez críticas em seu blog?

Claro que isso não é verdade. Já critiquei várias vezes estilos e tendências que não me agradam. O que acontece é que blogueiras de moda preferem falar sobre o que gostam e não sobre o que não gostam, como é o caso de críticos de moda.

Quando você vê um desfile ou uma coleção de que não goste, você publica em seu blog? Como você lida com algo que não gosta?

Eu simplesmente não uso. Meu blog é reflexo do meu universo, do que eu uso, dos lugares que eu frequento e das tendências que aposto. Faz pouco sentido colocar algo no meu look do dia que não gosto, entende?

Godfrey Deeny também afirma que “os blogueiros têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade”. Você concorda?

Discordo completamente. A nossa criatividade se mostra na maneira como produzimos nossos looks, isso é um trabalho de styling. Acho um pré-julgamento desnecessário, pois existem blogueiras criativas e também as não criativas, assim como existem os jornalista criativos e os não-criativos. Não sou a favor das unanimidades.

Chris Francini


©Reprodução

O que você acha da afirmação “blogueiros não têm muita cultura de moda”?

Acho que ele tem razão e não tem razão; depende do blog que ele está lendo. Não pode generalizar. Tem blogs que não têm cultura de moda. Aliás, não só na moda. A pessoa que fala sobre um determinado assunto tem que dominar aquele assunto. É a mesma coisa de criar um blog de cultura e não dominar o assunto. A internet virou esse lugar onde as pessoas dão sua opinião. Tem blogs de moda muitos bons, mas também tem blogs que não sabem nada. Então você desliga aquele blog, você não é obrigado a ler. É como as revistas: você vai na banca e compra a revista com a qual se identifica. Tem blogs bons e blogs ruins, e o mercado vai limpando. As pessoas acham que todos os blogs não tem nada para dizer, mas tem blogs de muito conteúdo.

Entre outras coisas, Godfrey Deeny afirma que os blogueiros jamais criticam as marcas em seus blogs. Você concorda? Você já fez críticas em seu blog?

Já fiz críticas no meu blog. Já ganhei itens que não fiz nenhuma menção porque não gostei. Acho que é como o artista que faz uma propaganda, ele é contratado e faz a propaganda. Tem blogueiro contratado, e ele tem que falar dos produtos que gosta. Eu falo bem de produto que eu acredito. Acho que tem mais gente que critica. Mas eu não gosto dessa discussão sobre produto, acho que o blog tem que ir além disso. Tento falar de conteúdo, que a pessoa que lê descubra algo novo, do que fazer propaganda de produto. Às vezes falo de produto, mas prefiro falar sobre conteúdo.

Quando você vê um desfile ou uma coleção de que não goste, você publica em seu blog? Como você lida com algo que não gosta?

Eu não critico em questão pejorativa, não vou ser assim. Prefiro falar sobre o que deu certo. Se a pessoa se identifica com a marca, isso não acontece, ela vai gostar de algo. Eu falo das coisas que ela fez de bacana em vez de falar das coisas ruins. [Mas se você for num desfile e gostar de tudo, mas perceber que o acabamento é ruim, você não vai falar que o acabamento é ruim?] Isso! Acho que os críticos de moda, não só os blogueiros, não devem ficar falando mal daquele desfile, porque sempre tem coisas boas, o estilista passou seis meses fazendo aquela coleção. Ninguém hoje faz isso; revista também não.

Godfrey Deeny também afirma que “os blogueiros têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade”. Você concorda?

Depende do blogueiro. O Godfrey precisa abrir o horizonte de blogs dele. Tem blogueiros que fazem combinações muito diferentes. A moda hoje em dia é muito da rua, e os blogueiros são da rua. Acho que ele está lendo um mundo muito pequeno de blogueiros. O Sartorialist, que é um blog de street style, influencia muito a moda. Tem blogueiros que falam de conteúdo muito bom, uma visão diferente da mesma coisa. Blogueiros que conhecem marcas novas e isso movimenta o mercado.

Lia Camargo


©Reprodução

O que você acha da afirmação “blogueiros não têm muita cultura de moda”?

Generalização nunca dá pra ser levada a sério. Existem blogs críticos de moda que o Godfrey iria adorar descobrir, mas os que fazem mais sucesso entre a grande massa são blogs mais voltados ao consumo. Não tenho nenhuma intenção em fazer a “necrologia” de um estilista pois esse não é o assunto que interessa aos meus leitores e a mim. Mas sou formada em editoração, roteiro e tenho cursos de cultura de moda (por João Braga), maquiagem e até fotografia. Ou seja, ter cultura de moda não tem muito a ver com aquilo que alguém escolhe falar a respeito.

Entre outras coisas, Godfrey Deeny afirma que os blogueiros jamais criticam as marcas em seus blogs. Você concorda? Você já fez críticas em seu blog?

Alguma revista por acaso critica? Não tem a ver com mentira ou rabo preso, a questão é usar o meio para falar sobre coisas agradáveis e não ficar perdendo tempo com encrencas. Já falei de algumas coisas que não gosto, mas não acho que a proposta alegre da maioria dos blogs conhecidos combina com posts denegrindo algo.

Quando você vê um desfile ou uma coleção de que não goste, você publica em seu blog? Como você lida com algo que não gosta?

Se o assunto tem a ver com o blog, sim. Já falei mal diversas vezes de algumas peças da Melissa, que é uma marca que eu adoro e minhas leitoras também. Geralmente aposto no bom humor pra trazer leveza à crítica negativa e me sinto mais à vontade falando mal de algo que sou fã. Parece contradição, mas como disse antes, não acho que vale a pena perder tempo falando de coisas que não gosto. Destrinchar um desfile horroroso de uma marca com a qual eu não tenho sinergia, apenas por fazer isso? Não faz sentido pra um blog que não seja especializado em desfiles.

Godfrey Deeny também afirma que “os blogueiros têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade”. Você concorda?

As blogueiras de estilo revolucionaram a moda, aceleraram as tendências e mostraram que é possível para todos consumir MODA e não apenas roupas. Hoje as pessoas se interessam mais por estilo pessoal e a indústria ficou aquecida. Criatividade pra todos, blogueiro, consumidor/leitor e marcas…

Alice Ferraz


©Divulgação

 O que você acha da afirmação “blogueiros não têm muita cultura de moda”?

Eu diria que toda unanimidade é burra, como disse Nelson Rodrigues. Existem blogueiras com cultura de moda e blogueiras sem.

Entre outras coisas, Godfrey Deeny afirma que os blogueiros jamais criticam as marcas em seus blogs. Você concorda? Você já fez críticas em seu blog?

Criticam sim, assim como na frase anterior, todo problema aqui está em generalizar.  E o público que lê blogs comenta muito e critica de forma clara e aberta.

Quando você vê um desfile ou uma coleção de que não goste, você publica em seu blog? Como você lida com algo que não gosta?

Meu blog fala do meu gosto pessoal, mas também do que é tendência e do que é visto nas passarelas e nas lojas. Posso não gostar de algo para usar e mesmo assim achar lindo. Te dou um exemplo recente, as calças com barras mais curtas que mostram os tornozelos, infelizmente não é uma moda que fica bem no meu corpo, mas acho lindo e sei que a tendência tem tudo para atrair mulheres brasileiras.

Godfrey também afirma que “os blogueiros têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade”. Você concorda?

Hoje os blogs são influenciadores poderosos e, com esse poder, criam tendências sim, não concordo com Godfrey e, como CEO do F*Hits, onde temos milhões de acessos, tenho exemplos de movimentos criados e liderados por blogs. Está acontecendo, não tem como negar.

Fonte: http://ffw.com.br/noticias/moda/blogueiras-brasileiras-rebatem-criticas-apos-declaracoes-polemicas-do-editor-de-moda-do-figaro/

terça-feira, 22 de julho de 2014

“Blogueiros não têm muita cultura de moda”, diz editor de moda do jornal francês Le Figaro

Esqueça a ideia preconcebida de editor de moda inacessível, à la Anna Wintour e “O Diabo Veste Prada”. Godfrey Deeny é o oposto disso, apesar de ter passado pelas publicações mais importantes do setor, como “WWD”, onde foi editor-chefe nos anos 1990, “Vogue Homme”, “Fashion Wired Daily” e Style.com. Há menos de dois anos, ele escreve para o “Le Figaro”, um dos maiores e mais respeitados jornais franceses, onde é “editor at large”, o que significa que ele viaja o mundo acompanhando as principais semanas de moda, mas não tem obrigação de escrever diariamente.
Deeny é tão espontâneo e tão acessível que foi impossível fazê-lo parar para seguir o roteiro da entrevista. Ele fala pelos cotovelos e acaba cativando todos em volta com seu amor à vida e, principalmente, às coisas boas da vida. Por isso — e sabe-se lá como a conversa chegou neste ponto — ele se compara a Jep Gambardella, personagem principal de “A Grande Beleza”. “Não me arrependo de ter feito meu trabalho com tanta dedicação. Parece que foi ontem que fui ao meu primeiro desfile da Louis Vuitton, mas faz 20 anos.” Ele explica que é fácil se apaixonar pelo estilo de vida que a moda lhe proporcionou, com jantares nos melhores restaurantes, conhecendo pessoas influentes, convivendo com artistas de Hollywood. E ele realmente se apaixonou por tudo isso. “Chega um ponto em que você é o seu trabalho.”
E é exatamente isso que parece quando se dá uma olhada nas fotos postadas por Deeny em sua conta no Instagram. Apesar de a primeira imagem ser de dezembro de 2013 — ele de casaco de pele e chapéu sentado ao lado do amigo Karl Lagerfeld —, há muitas personalidades e estilistas, como Rihanna, Valentino, Nicolas Ghesquière, Steven Tyler, Janelle Monáe e Conchita. Há espaço também para os brasileiros, e lá está Deeny ao lado de Pedro Lourenço, Bruna Lombardi e Helena Rizzo, fotos postadas durante a visita anterior, em maio.
 
As duas capas da última edição da revista “Sepp”, com Aline Weber e Daniel Alves ©Reprodução
Desta vez, veio para assistir à final da Copa do Mundo, no dia 13 de julho, no Rio (numa ação do programa Texbrasil), e aproveitou para promover a última edição da revista “Sepp”, publicação independente sobre moda e futebol da qual é editor-chefe. Para um apaixonado pela vida, é praticamente impossível não amar o Brasil, e Deeny não foge ao clichê: ele conheceu o país em 2001 e, desde então, já veio em torno de 15 vezes. Talvez por isso ele mostre a última edição da revista com tanto entusiasmo. “É a cara do Brasil. O ‘joie de vivre’, o otimismo são as coisas que mais me intrigam no Brasil. É essa ideia de ‘jogo bonito’ que se vê mesmo na vida cotidiana. E nós colocamos isso na revista.” A publicação sai a cada dois anos, sempre coincidindo com a Copa do Mundo ou a Eurocopa, e nela fica claro que o homem é o seu trabalho e vice-versa: ele pediu, por exemplo, para grifes como Michael Kors, Versace, Gucci e Louis Vuitton recriarem camisetas de times exclusivamente para um editorial e foi atendido.
Ainda que desfrute das melhores festas, dos restaurantes mais estrelados, seja mundialmente influente e amigo das pessoas mais importantes na moda no momento, ele ainda afirma em português: “caipirinha de jabuticaba, a coisa mais importante do Brasil”. Mesmo morando há 20 anos em Paris, Godfrey Deeny fala um francês com forte sotaque irlandês, o que só realça o seu charme e sua figura peculiar. Confira trechos da entrevista concedida com exclusividade ao FFW:
 
Como você vê a moda brasileira nos dias de hoje?
 
Eu sempre fico impressionado com a qualidade da moda aqui. Viajo muito para o meu trabalho, para as temporadas de moda em talvez 25 países. Paris é a capital da moda, depois Milão, New York, Londres. É um pouco como o tênis, tem o grand slam. Tem os lugares mais importantes, e que vão continuar sendo os mais importantes. Mas quem são os melhores depois desses? Com frequência eu acho que São Paulo é o melhor, é o número cinco do mundo. Melhor do que Moscou, Pequim, Roma, Madri, Los Angeles. A moda no Rio é diferente, porque é bem verão, é a praia. Lá também tem um nível muito alto. O nível de qualidade dos desfiles no Brasil é muito elevado. O som, a qualidade dos modelos, mesmo a maquiagem, o cabelo, a qualidade do tecido e, sobretudo, a qualidade das estampas, que é muito importante.
 
E quem você destacaria hoje no cenário brasileiro?
 
Adoro ver a progressão dos estilistas. O primeiro estilista brasileiro que eu vi foi Alexandre Herchcovitch. Fiquei impressionado com a qualidade da concepção. Sua carreira teve momentos de crescimento, momentos difíceis, mas eu fiquei muito impressionado com o desfile deste ano na Oca. Foi fantástico! A maneira como ele pegou a ideia de Marilyn Monroe e trabalhou para criar algo sensível e sofisticado. Adoro a maneira com que cada vez mais estilistas brasileiros querem colocar em evidência outra ideia de mulher brasileira. Vocês são muito conhecidas pela beleza, pela sensualidade, mas eu acho que é bom que nós tenhamos uma imagem de Brasil um pouco mais sofisticada. Quando vou a um desfile ou a um jantar no Fasano, ou quando vou tomar um café nos bons restaurantes dos Jardins, e quando vou a Ipanema, sempre fico impressionado com a elegância de algumas mulheres brasileiras. Não é a imagem que é conhecida no exterior, infelizmente. Acho que alguns estilistas brasileiros começaram a trabalhar com isso. Para dar um exemplo, em Londres, Barbara Casasola. Seus desfiles misturam alfaiataria masculina com a ideia de uma mulher refinada, mas que mora num clima mais quente, porque suas roupas não são pesadas. Adoro também quando um estilista usa algo de vanguarda com uma coisa mais clássica, mas com um senso artístico. Por exemplo, fui ao JK para ver o desfile de Pedro Lourenço, era sua segunda linha, mas adorei. É uma linha comercial criativa.
E deixe eu falar uma coisa que é muito importante. No Brasil, os desfiles acontecem em diferentes lugares a cada estação. A Oca, o parque Ibirapuera, no Rio, o Forte de Copacabana, a casa de Oscar Niemeyer. O Brasil é afortunado de ter uma grande arquitetura moderna. Talvez aqui a arquitetura seja mais forte do que a moda. Mas pra mim o mais próximo da moda é a arquitetura. É uma das razões pelas quais eu sempre amei a moda de Oskar Metsavaht. É super arquitetônico. A forma, a silhueta, a topografia do Brasil, a vegetação, a arquitetura. Aliás, isso é outra diferença entre o Brasil e os outros países do Brics [bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]: aqui as pessoas compram essas marcas. Isso é uma coisa muito positiva. Lá eles só compram em Paris. Quando viajo, quero comprar os jovens designers, e aqui eu posso.
 
A revista “Sepp” é um projeto alternativo seu, onde você pode ser mais criativo?
 
Sou crítico de moda. Antes eu era crítico de moda no “Financial Times” e há dois anos sou o crítico de moda do “Le Figaro”, o maior jornal de Paris. Lá eu tenho que explicar as coisas para as pessoas e celebrar a qualidade das roupas. Mas como crítico tenho que manter uma certa distância. A revista é um outro lado, é uma coisa independente, onde faço o que eu quero. Por cinco anos, fui o editor chefe da “Vogue Hommes” da França, e lá também eu fazia o que eu queria, mas tinha os contratos com grandes anunciantes, e tinha que manter isso. Aqui eu faço o que eu quero. Tem um patrocínio e um pouco de publicidade, mas é um trabalho independente. Ter uma revista independente é uma grande satisfação, é visceral. Ser jornalista ou crítico de moda é um grande prazer, é um grande trabalho, mas é muita responsabilidade e muita pressão do mercado: quem vai aparecer na primeira página, sempre querem uma crítica positiva, a foto, a concorrência… Se você fizer dez centímetros a mais de Dior do que Chanel é um drama. Ou se você criticar Hermès, mas se você gostar mais de Balenciaga é um drama.
 
Como você vê a imprensa hoje, depois das mudanças impostas pela internet?
 
Para mim, a independência da imprensa é uma coisa essencial na democracia. Se você for à China, você não pode ter Facebook. Fiz um trabalho para a Armani, um debate pelo Twitter, e o debate não era postado diretamente na web, mas era editado por uma pessoa do Partido Comunista antes de ser postado. Acho que na moda, nos reviews, a imprensa mantém uma certa independência — já falei da pressão que eu tenho no “Le Figaro”. E aqui no Brasil não tem esse problema, mesmo com todos os problemas do país. Admiro quando leio os jornais aqui, toda a imprensa é independente. Seja de esportes, de economia, seja sobre os escândalos, sobre política. E essa é uma das razões pelas quais eu adoro vir ao Brasil. Isso não existe na Rússia. É uma ditadura que controla a mídia, que tolhe os jornalistas. Penso que o jornalismo e a mídia são coisas fundamentais na vida. É a profissão que faz frente ao poder, diz a verdade. Quando eu estou em Paris, com muita pressão, e o meu chefe cinco vezes mais, eu penso que os meus chefes, os CEOs, querem a verdade. Eles limitam o que eu digo, mas querem alguns parágrafos que digam o que eu realmente penso. É um espelho do que eu penso. Sou um pouco controlado, há um limite. Mesmo que eu escreva isso [faz um gesto com a mão aberta] e apenas isso seja o que eu realmente penso [mostra dois dedos]. E para mim isso é uma boa satisfação, ninguém é meu dono.
 
Mas e sobre os blogueiros, o que você acha?
 
De qualquer maneira, as coisas mudaram muito com a web. Existem duas contradições no jornalismo. Acho que no jornalismo político isso expôs muita verdade. E do outro lado, na moda, por exemplo, os blogueiros viraram uma espécie de fanzines, uma espécie de representantes das grandes marcas. Eles ganham as bolsas, as viagens, mas jamais criticam. No fim, eles não têm muita cultura de moda. Você não pode conversar com essas pessoas [sobre moda]. Eu posso escrever a necrologia do estilista enquanto ele ainda está vivo. Nunca vi um blogueiro que tenha feito isso, que tenha verdadeiramente uma cultura de moda. Vejo eles como que ajudando o poder, não sendo um espelho do que eles realmente acham. Eles têm o poder de influenciar o mercado, mas não a criatividade. Se você for a um desfile importante, 30 lugares são para jornalistas e tem um ou dois blogueiros na primeira fila. Felizmente, porque nós somos as pessoas sérias. Talvez um dia a gente vá ver um verdadeiro crítico de moda que saia do mundo do blog, mas ainda não existe.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Série Moda S/A, direcionada para não especialistas em Moda, estreiou na GloboNews

Quando anunciou sua saída da revista “Harper’s Bazaar”, no início de maio, Maria Prata deixou o mundo da moda morrendo de curiosidade sobre qual seria o próximo projeto da até então diretora de redação do título. E agora ela, mais uma vez, aguça a curiosidade dos fashionistas, que podem conferir desde a segunda-feira passada (14.07) a série em quatro episódios Moda S/A, no canal GloboNews.
Em entrevista ao “FFW”, Maria Prata explicou que o programa dará uma visão geral do mercado de moda atual a partir do impacto causado pela internet em marcas, consumidores e mídia. O ponto de partida serão personagens do segmento e nomes importantes da indústria têxtil, com o objetivo de mostrar a revolução que a chamada “democratização da moda” causou no mercado. “Sempre gostei muito de fazer televisão. Além disso, acredito que estamos em um momento importante na indústria da moda. Quando a Eugenia Moreyra, diretora da GloboNews, me chamou para fazer a série, fiquei muito interessada em poder analisar este momento de mercado e fazer dessa análise um conteúdo rico também para o público do canal”, comentou Maria, que conheceu Eugenia no ano passado por ocasião de sua participação no Conta Corrente, programa da grade da emissora.
O maior desafio na produção dos quatro capítulos, para Maria, foi fazer conteúdo que fale de moda para um público que não é especialista no assunto. “Durante toda minha carreira falei com um público muito específico, em veículos que tinham como alvo mulheres interessadas e consumidoras de moda. Na GloboNews, estou falando com um público muito maior, para quem a moda, muitas vezes, é uma novidade, ou ainda um mundo desconhecido. Quem é de moda vai gostar de saber mais sobre este mercado. Quem é do business vai gostar de saber mais sobre moda.”
A editora ainda falou sobre a relevância de se tratar do negócio de moda para o grande público neste momento. “Com o boom da internet e, principalmente, das redes sociais, a informação de moda passou a chegar mais rápido em muito mais gente. Antigamente, apenas um grupo restrito de profissionais tinha acesso às salas de desfile e detinha a informação do que era ou não tendência, que depois era passada aos consumidores. Atualmente, qualquer pessoa conectada à internet pode saber, ao mesmo tempo em que os maiores nomes da moda, o que está sendo desfilado e será tendência na próxima estação — quando vai poder consumir não só nas grandes maisons, mas também em qualquer grande rede de varejo. Essa democratização da informação e do consumo de tendências vira a moda do avesso”, afirmou.
A série de quatro episódios será transmitida às segundas, às 23h, na GloboNews. Para assistir ao teaser do programa no site da emissora,

Fonte: http://ffw.com.br/noticias/

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Estímulo à indústria volta a ser negociado no País

Passada a Copa, 23 entidades empresariais deverão começar a ser chamadas, em grupos de quatro ou cinco, para discutir novas medidas de estímulo com os Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A ideia é prosseguir com as negociações que tiveram com a presidente Dilma Rousseff em reunião no Planalto, dia 18.
Já naquela ocasião, foram atendidos pedidos da indústria, como tornar permanente a desoneração da folha salarial e retomar, também em caráter permanente, o Reintegra - que é um incentivo à exportação. Mas a presidente deixou claro que pretende discutir mais medidas, incluindo pleitos setoriais específicos. E incumbiu os dois ministérios de prosseguir nas negociações.
De acordo com o MDIC, o diálogo ainda está nos estágios iniciais. Porém, os setores já estão com as agendas prontas. Dado o calendário curto, a opção do empresariado foi concentrar as conversas em providências que possam ser adotadas por um governo que está a cinco meses de seu final. Embora avaliem que as reformas são urgentes, os executivos deixaram esses temas em outro balcão, no qual o diálogo não será só com Dilma, mas também com os demais presidenciáveis.
"Há coisas que podem ser feitas no curto prazo, com efeito imediato", defendeu o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. Seu setor pede, por exemplo, que seja intensificada a fiscalização da Receita e do Ministério do Trabalho. Houve um aumento de informalidade entre as empresas do setor, de forma que aquelas que pagam os tributos corretamente sofrem com concorrência desleal.
 
Crédito
 
Outra medida de curto prazo defendida pela entidade é a redução dos juros do Construcard, linha de crédito da Caixa para reforma e construção. Segundo Cover, os empréstimos ao consumidor subiram muito mais do que a Selic, e isso vem encolhendo as vendas. Por sua vez, o setor de construção civil tem um pleito bem específico: garantir que programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida prossigam. "Esse governo vai acabar e como é que eu faço? Compro terreno? Não compro?", questiona o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
O ideal, diz ele, é que esse fosse um programa de Estado, de forma que prosseguisse independentemente de quem estiver no Planalto. Como essa não é uma providência trivial, a entidade sugere algo mais simples: incluir o MCMV no Plano Plurianual. Esse plano, que serve de base para a elaboração dos orçamentos anuais do governo federal, abrange um período de quatro anos, mas descasado com o mandato presidencial.
Na semana passada, Dilma confirmou que o governo vai adotar uma terceira fase do Minha Casa, com o objetivo de construir 3 milhões de moradias de 2015 a 2018.
Impostos. Já o setor têxtil discute um regime tributário específico para as confecções, consideradas o elo mais frágil da cadeia produtiva. Se a conversa prosperar, as empresas verão sua carga tributária total cair dos atuais 18% para 3%. É como se todo o setor fosse incluído numa versão específica de Simples. "O diferencial é que não tem o teto de enquadramento que tem no Simples", explicou presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Rafael Cervone.
As empresas do setor têxtil têm outro pleito que pode ser resolvido na base da "canetada": o alongamento dos prazos de recolhimento dos tributos. Esse é um pedido geral da indústria. Se o pagamento de impostos ocorrer em períodos próximos aos do recebimento das receitas de venda, isso facilita a gestão de caixa das empresas e dá a elas mais fôlego.
Entre as medidas em preparação, a de maior impacto, por beneficiar a indústria de maneira horizontal, é o programa de renovação de máquinas. As fábricas terão acesso a empréstimos subsidiados e a um crédito tributário para trocar seus equipamentos. "É como se o governo estivesse comprando a máquina velha", explicou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Buch Pastoriza.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: http://www.dgabc.com.br/Noticia/699298/estimulo-a-industria-volta-a-ser-negociado-no-pais?referencia=mais-lidas

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A roupa do futuro: como os uniformes do jogadores vão mudar seu guarda-roupa

Você está assistindo à Copa do Mundo, torcendo pelo Brasil e nem imagina que sua roupa, no futuro, incorporará a tecnologia dos uniformes que estão sendo vestidos pelas seleções dessa Copa. Milhões de dólares foram investidos pelas três grandes marcas esportivas (Nike, Adidas e Puma) para elaborar os trajes ideias para 26 seleções.
 
Uniformes tecnológicos da Adidas e da Nike - Foto: Divulgação
Nenhum detalhe foi esquecido no desenho e na escolha dos materiais, de tal forma que os elementos culturais e a alma de cada povo fossem espelhados nas camisas. Mas o que mais chama a atenção é a tecnologia empregada para a modelagem e para o conforto dos jogadores. São essas tecnologias que serão aplicadas a nossas roupas no futuro, tanto masculinas quanto femininas.

As maiores inovações tecnológicas usadas nas criações dos uniformes e que ao longo dos anos poderá ser incorporada a moda, ou adaptadas para cada segmento segundo seu público, são:
 1. Maior resistência das roupas aos esforços: a roupa do futuro será inteligente e será preparada para oferecer maior resistência e elasticidade nas regiões do corpo (principalmente peito, ombros e pernas) onde se exige maior tensão e é necessário maior mobilidade.
Nenhum detalhe foi esquecido no desenho e na escolha dos materiais, de tal forma que os elementos culturais e a alma de cada povo fossem espelhados nas camisas. Mas o que mais chama a atenção é a tecnologia empregada para a modelagem e para o conforto dos jogadores. São essas tecnologias que serão aplicadas a nossas roupas no futuro, tanto masculinas quanto femininas.

2. As roupas não só serão confortáveis mas farão micro massagens em pontos estratégicos do corpo: a Puma criou o sistema PWR ACTV, composto por técnicas de fita atlética e de compressão dentro do tecido, para realizar “micro massagens” em pontos estratégicos da pele, ajudando na performance, velocidade e ativação dos músculos.
 
Camisas da Colômbia e Espanha são desenvolvidas pela Adidas, mais conforto e absorção do suor. Foto: divulgação
3. As roupas permitirão maior ventilação e absorção de suor: apesar de ser uma tecnologia com alguns anos de idade, as inovações nessa última Copa foram importantes. A Adidas, por exemplo, criou os mais leves tecidos já fabricados pela empresa: as áreas de maior aquecimento foram cobertas por tecido de maior ventilação, com furos cortados a laser desde as axilas até o quadril, e a tecnologia Dri-fit foi aperfeiçoada para extrair ainda mais o suor do corpo.

4. As roupas serão perfeitamente adaptadas aos corpos: A tendência das roupas customizadas já é uma realidade, mas futuramente a tecnologia promete deixar o sob medida mais acessível. Para desenhar modelos que sirvam perfeitamente de Neymar a Hulk, os designers da Nike usaram tecnologia 3-D de escaneamento corporal, fazendo uma leitura completa da anatomia corporal de cada um, o que possibilitou desenhar um modelo perfeitamente adequado para cada jogador. No futuro, você não irá mandar suas medidas para uma loja, mas enviará seu scanner e receberá blusas, calças e vestidos perfeitamente adaptados.
 
Camisas do Brasil e Holanda criadas pela Nike: sob medida. Foto: divulgação
Em suas representações de futuro muitos filmes abusaram de materiais plastificados ou de figurinos que remetessem aos trajes dos astronautas -- talvez uma maneira de concretizar essa visão de que nossas roupas seriam mais tecnológicas. E elas serão -- mas com benefícios que possam ser usados a nosso favor sem que pareçamos uniformizados, afinal, não há tendência maior do se vestir de si  mesmo. Felizmente!
 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sustentabilidade: o futuro verde da H&M

Depois do lançamento de uma coleção de denim reciclado no início deste ano e do crescente sucesso da Conscious Collection, a retalhista sueca está já a preparar novos desenvolvimentos, num caminho cada vez mais sustentável para onde pretende arrastar toda a indústria.
Quando a H&M lançou uma coleção de denim reciclado no início do ano, usando como matéria-prima roupas velhas doadas através do seu programa de recolha em loja, ficou um passo mais perto de conseguir um verdadeiro sistema de ciclo fechado na produção.

Um sistema deste tipo significa zero desperdícios no final de vida do produto, com as roupas velhas a serem recicladas e a darem origem a novas em vez de irem parar a um aterro. É um sonho de sustentabilidade mas, embora a H&M possa ter ficado mais perto, há ainda trabalho a fazer e é necessário mais inovação para ultrapassar os desafios finais.
"É apenas o início", reconhece Catarina Midby, diretora de moda sustentável da H&M. "Penso que é possível fechar o ciclo, mas primeiro precisamos de novas tecnologias", acrescenta.
Isto porque o atual processo mecânico de reciclagem rompe as fibras, tornando-as menos duráveis e obrigando à sua mistura com outras fibras. A atual coleção reciclada contém apenas 20% de fibras recicladas, o máximo possível sem prejudicar a qualidade.
Embora a parte da equação relativa à reciclagem tenha de ser mais trabalhada – e Catarina Midby afirma que a H&M está a investir em inovações e que já foi feito algum progresso –, é evidente que tem havido um forte entusiasmo por parte dos consumidores. Nos primeiros 15 meses do programa de recolha de vestuário, a H&M reciclou mais de 5.500 toneladas de têxteis, o equivalente a 15 milhões de t-shirts.
«Os consumidores vêm ter conosco pela moda, mas vemos o interesse na sustentabilidade», afirma a diretora de moda sustentável. "A importância disso aumentou para os consumidores em 21% entre 2012 e 2013. A consciencialização está a aumentar", sublinha.
Catarina Midby aponta ainda o sucesso da Conscious Collection, que é mais cara mas tem um nível mais elevado de qualidade e design. "Esgotou quase de imediato", revela. "As pessoas compraram um pouco o carácter de sustentabilidade. Normalmente as pessoas estão atentas à moda, mas numa coleção como esta, a sustentabilidade é uma vantagem", reconhece.
Embora a H&M pretenda aumentar a quantidade de fibras de ciclo fechado que usa, há outras áreas de sustentabilidade onde está a tentar também fazer a diferença.
Uma é a nova etiqueta Clevercare, desenvolvida em conjunto com a detentora de símbolos de manutenção Ginetex, que apresenta novos símbolos que mostram aos consumidores como podem reduzir o impacto ambiental no cuidado das suas roupas. Podem ser usados por qualquer entidade que tenha a licença dos símbolos da Ginetex e irão aparecer em todos os produtos da H&M até ao final do ano.
A retalhista sueca está igualmente a trabalhar com a Sustainable Apparel Coalition no desenvolvimento do Higg Index, uma ferramenta para medir e melhorar a sustentabilidade, com o objetivo – ainda distante – de criar uma etiqueta para o consumidor que dá a indicação do nível de sustentabilidade geral de uma peça de vestuário.
Para além de levar a uma indústria mais “amiga do ambiente”, as iniciativas de sustentabilidade também têm de se enquadrar no plano geral de negócios e a H&M espera usá-las para contribuírem para o seu sucesso a longo prazo. «É nossa firme convicção que fará absoluto sentido em termos de negócio para o futuro, quando o consumidor estiver mais consciente destas coisas», afirma Catarina Midby.
Para além de responder à procura de vestuário produzido de forma sustentável, a H&M está a ajudar a impulsionar o crescimento dessa procura ao aumentar a consciencialização do consumidor. Se isso levar a padrões de maior sustentabilidade para toda a indústria, então a retalhista sueca estará bem posicionada para beneficiar da vantagem competitiva que esses investimentos vão dar.
É o tipo de pensamento que em parte está subjacente ao compromisso a longo prazo da H&M para assegurar que os trabalhadores que fazem as suas roupas recebem um salário de sobrevivência, em vez de simplesmente o salário mínimo do país em que estão a trabalhar. Isso irá afetar inicialmente as margens mas também coloca pressão sobre o aumento dos salários em toda a indústria e qualquer desvantagem competitiva acaba por ser eliminada se o salário de sobrevivência se tornar a norma. O tamanho e abrangência da H&M também tornam mais fácil absorver os maiores custos de produção.
«A ideia é que toda a gente terá de o fazer se nós o fizermos», explica a diretora de moda sustentável. «Mas os salários são apenas uma pequena parte do custo total da produção. Conseguir um custo baixo resume-se a grandes volumes, logística inteligente, relações a longo prazo nas cadeias de valor e eliminação de intermediários», conclui.

Fonte: http://www.portugaltextil.com

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Os impactos ambientais decorrentes da cadeia produtiva têxtil

O mercado da moda dita quase que diariamente novas tendências, modas sazonais e produz novas coleções que alimentam o consumo desenfreado. A cada dia é maior e desmedido o consumo do fast fashion. Segundo dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), a produção de roupas, meias e acessórios no Brasil alcançou 6,4 bilhões de peças em 2010.
 
Você já parou para pensar onde e como foi produzida, quem são as pessoas envolvidas na fabricação e quais são os impactos de cada peça que compramos?
Os impactos decorrentes da produção percorrem toda a cadeia produtiva têxtil: desde o plantio do algodão até a confecção da peça, além dos impactos derivados da comercialização. O cultivo do algodão, em virtude da grande quantidade de pesticidas, inseticidas e fertilizantes empregados para a obtenção da fibra, causa contaminação da água, do solo e da fauna local. Além de consumir um volume gigantesco de água nos processos de beneficiamento e acabamento – alvejar e tingir produtos têxteis. Ao longo da cadeia produtiva têxtil, os impactos ambientais envolvem contaminação do solo, consumo de água, de energia, emissões atmosféricas de poluentes e resíduos sólidos. No aspecto social – e também sustentável – que muitas vezes envolve o grave problema da mão de obra explorada de maneira análoga ao trabalho escravo, infelizmente uma prática muito presente inclusive na produção de grandes cadeias de lojas e marcas que terceirizam a produção e a responsabilidade sobre a questão.
 
Em relação à última etapa, a confecção, os retalhos causam um impacto altamente significativo e não perceptível. No Brasil, a estimativa de resíduos têxteis é de 175 mil toneladas/ano. Desse total, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas na produção de barbantes, mantas, novas peças de roupas e fios. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (ABIT) na região do Bom Retiro, diariamente são descartados, inadequadamente, 12 toneladas de resíduos têxteis (retalhos) produzidos por mais de 1,2 mil confecções. A coleta dos retalhos é realizada de forma desorganizada, sem preocupação com a destinação adequada.
Cada peça produzida inevitavelmente gera aparas e retalhos que atualmente são descartados no lixo comum. Segundo estimativa do Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o volume de resíduos urbanos deve aumentar do atual 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até 2025. Em relação ao descarte do lixo no Brasil, apenas 58% do total coletado tem como destino os aterros sanitários, terrenos que funcionam de acordo com as exigências legais. O restante é despejado em aterros controlados (24,2%) e em lixões (17,8%), e somente cerca de 4% é reciclado.
 
Diante desse cenário, uma das possibilidades para evitar a destinação inadequada dos retalhos é a reciclagem de tecidos, que consiste no processo de reutilizar as sobras de aparas e transformá-las em fios. Por meio de processos industriais, os fios podem ser usados para a fabricação de novos tecidos, estopas, colchões, mobiliários. Atualmente a sociedade produz mais do que necessita consumir, gerando um grande excedente, e como consequências dessas ações temos o esgotamento de recursos naturais e a geração de lixo e poluição. Em contrapartida, chegamos a tal ponto de desenvolvimento tecnológico que hoje já conseguimos produzir de forma mais limpa, gerando menos impactos. A gestão dos resíduos oriundos do setor têxtil é imprescindível, tanto do ponto de vista ambiental, social, legal e econômico para a consolidação de uma sociedade mais sustentável em diversos níveis.
 
Escrito por  Redação Portogente

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Falta de gestão em design atrapalha exportações brasileiras, diz estudo

A falta de compreensão sobre o uso do design como parte de todo o processo de desenvolvimento de produtos - e não apenas como adereço ou "toque final" - tem colocado empresas brasileiras na contramão da tendência mundial e prejudicado seu desempenho no comércio exterior.
Tal conclusão é parte de um estudo pioneiro sobre as relações entre o uso do design como cultura e estratégia empresarial e seu impacto sobre as exportações, realizado pelo Centro Brasil Design em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Os resultados devem nortear alterações nas políticas públicas sobre design no país, inclusive na revisão do decreto que institui o programa brasileiro de design (PBD), criado em 1995.
Sob o título "Diagnóstico do Design Brasileiro", o estudo foi desenvolvido com base em pesquisas realizadas durante oito meses, com mais de 300 empresas brasileiras, de diversos setores. Para quase metade delas, o design não se aplica como fator de contribuição em suas exportações, em oposição às empresas europeias - onde mais da metade indicou este como fator decisivo e presente no dia a dia da empresa.

No Brasil, ainda impera, segundo o relatório, o uso de freelancers de design na elaboração final do produto. A falta da gestão de design como parte da cultura da empresa, que pode parecer economia de recursos à primeira vista, transforma-se mais à frente em dificuldades para adequar os produtos a diferentes mercados externos, em pouca atenção ao registro de patentes e, por fim, em um volume de exportação aquém do potencial.

Alguns dos setores com pior desempenho em termos de gestão de design estão justamente entre os maiores exportadores. É o caso de máquinas e equipamentos, que tem cerca de 20% do faturamento ligado à exportação, e de médico odonto-hospitalar, no qual as vendas para outros países representam em média 12,3% do faturamento.

O estudo aponta que, por possuir cultura de engenharia que parece ser contrária à interferência do design no processo, o setor de máquinas e equipamentos brasileiro obtém cerca de 7,5% do faturamento com novos produtos, quando seus equivalentes europeus têm por volta de 35% de seu faturamento nesse campo. Empresas que têm equipes de design contratadas normalmente estão mais atentas a esse tipo de oportunidade de mercado, como o lançamento de produtos novos. Logo, faturam mais nesse quesito, segundo a pesquisa.
Em relação à propriedade industrial, as empresas brasileiras também estão passos atrás dos equivalentes estrangeiros: o país está na 28ª colocação entre as nações que mais solicitam patentes de produtos. Em 2012, o Brasil acumulou 33.395 solicitações de patentes no INPI. Porém, foram concedidos apenas 3.130 registros. E destes, foram 21% advindos de residentes no Brasil, enquanto 79% são provenientes de não residentes. Pelo mundo, empresas e pesquisadores brasileiros pediram em 2012 o registro de 6,6 mil patentes, dez vezes menos que a França, 20 vezes menos que a Alemanha e quase cem vezes menos que a China.

A área do design também enfrenta, aponta o relatório, suas dificuldades no país, como a grande dificuldade para aquisição de tecnologia, por conta da alta tributação dos produtos, e a perda de talentos para o exterior. A boa notícia é que cresceu em 1900% a produção acadêmica sobre design no período de 1993 a 2010. O relatório aponta a necessidade de uma agência governamental, com recurso próprio, produção acadêmica e transferência de conhecimento à indústria como um caminho possível para integrar o design à cultura das empresas e melhorar o volume de exportação.
O estudo foi bem recebido pelos representantes de nove setores da indústria brasileira presentes ao evento de lançamento (máquinas e equipamentos; médico-odonto-hospitalar; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; mobiliário; embalagem para alimentos; calçados; têxtil e confecção; cerâmica de revestimento e audiovisual). Recebeu, no entanto, algumas ressalvas de representantes de entidades governamentais em relação às linhas de financiamento para a área já existentes, cuja eficiência foi pouco explorada no levantamento.
Segundo Beatriz Martins Carneiro, coordenadora de análise da competitividade e desenvolvimento sustentável do Mdic, o ministério trabalha na revisão do PBD. "Estamos trabalhando no desenho de uma nova política pública para o design. O ministério encara o design como um instrumento de competitividade", afirma.

Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/3586152/falta-de-gestao-em-design-atrapalha-exportacoes-brasileiras-diz-estudo#ixzz3508CxRJi

Jeanologia - A ciência do Acabamento no Jeans

Localizada no Setor Tecnológico na Província de Valência, Espanha, cidade que, além de histórica, se mantém na busca frenética por novas tecnologias, a Jeanologia, incluída nessa busca, recebe nossa Editora de moda, Iolanda Wutzl e abre as portas para o Guia JeansWear que contará com detalhes as primícias da empresa veterana na ciência do acabamento do jeans.
 
 
Recepcionada pela responsável pela comunicação da empresa, Carmen Silla, que a cada departamento apresentava os segredos que fazem a Jeanologia ser respeitada mundialmente dentro do seu segmento. No show room dos vintages o Truth & Light, onde se respira história, os modelos são separados por selos diferenciados: selo ouro para peças vintage originais (relíquias conquistadas desde a Segunda Guerra Mundial até peças de diferentes trabalhadores, com desenhos e desgastes naturais que refletiam seus ofícios – por exemplo, marcações por movimentos repetidos ou por permanecer na mesma posição por muito tempo), e o selo azul para peças desenvolvidas através das tecnologias propiciadas pelos maquinários da Jeanologia, réplicas dos vintages originais.
Porém a Jeanologia não se preocupa em desenvolver somente tecnologias de beneficiamento a laser e a ozônio, pois, além de permanecer constantemente em busca de novos efeitos e acabamentos inspirados nas tendências mundiais da moda com sua equipe de designers, a empresa também possui um laboratório para pesquisa de diversos acabamentos oferecidos no mercado. Nesse laboratório, são feitos diversos testes de abrasão, tempo, e outras características para melhor uso das tecnologias laser e G2 para um resultado final satisfatório.
 
A empresa conta também com uma oficina que trabalha na confecção de tubos de denims e peças para experiências com os produtos estudados, e também com os maquinários de tecnologia da Jeanologia. Os denims usados para a confecção dos tubos são fornecidos pelas principais tecelagens de jeans do mundo - dentre os rolos de tecidos que encontramos estavam também as principais tecelagens brasileiras. Depois de confeccionados, os tubos ou as peças são levados para uma lavanderia própria, que junto aos produtos químicos previamente estudados, são testadas e beneficiadas em busca do melhor resultado.
Além do jeans, a empresa também oferece beneficiamento para malharia e tricôs. No show room dedicado exclusivamente a esse segmento, pudemos ver que todas as peças expostas eram com fios tinturados em índigo e beneficiadas com tecnologias de laser e ozônio.
Outra preocupação da empresa é a formação de profissionais capacitados para trabalhar com as técnicas de laser, ozônio e acabamento, por isso a Jeanologia possui na sua sede uma sala para ministrar cursos profissionalizantes. Os formados normalmente são empregados na própria Jeanologia ou em clientes da empresa.
 
 
Ao chegarmos à sala de maquinário da Jeanologia, nos deparamos com a gigantesca Twin HS, máquina que trabalha com rapidez surpreendente, de em média 120 peças por hora. A Twin HS precisa apenas de um profissional para operá-la: enquanto um lado da máquina grava na peça o efeito escolhido pelo cliente, do outro lado o operador veste outra peça no manequim. Durante a visita, um operador mostrava as maravilhas do beneficiamento a laser, desde estonagem, bigodes, estampas, a devorês e furos nos jeans.
A Flexi HS, apesar de menor que a Twin HS, não é menos poderosa. Uma máquina de múltiplas funções, a Flex HS incorpora uma cabeça giratória que permite trabalhar tanto na horizontal como na vertical; e mesa continua CMT . Perfeita para trabalhar com todos os tipos de artigos: jeans, shorts, saias, camisetas, jaquetas e acessórios.
Conhecemos também, em primeira mão, dois mega lançamentos, o primeiro é a máquina de tecnologia laser contínua para tecelagens, que tem o mesmo princípio de funcionamento de alimentação da máquina de ozônio. No painel de controle é escolhido o desenho a ser gravado no denim, e onde é controlada a velocidade e intensidade necessária do laser, o sistema de operação recolhe a fumaça do ar, que depois é enviada para os filtros que eliminam o ar limpo para a atmosfera. O outro lançamento é a máquina de ozônio contínuo, também para tecelagens, que proporciona ao denim um desbote com efeito envelhecido. Chamada de Eco G2 Dynamic, seu laser funciona de forma contínua e uniforme sem química e com 2m³ de água apenas, podendo operar por 24 horas direto, dependendo grau do desbote, que varia de 2 a 15 metros por minuto. O mais interessante é que dessa forma o denim não perde a rigidez de um tecido cru, facilitando na hora da costura por manter o mesmo comportamento. Depois de confeccionada, é necessário o mínimo de água para desengomar as peças.
Já para lavanderias, a Jeanologia oferece duas máquinas de processo de ozônio, a G2 Plus, destinada às grandes produções, que suporta carga de até 100 kg por processo, com a mesma produção e viabilidade da G2, que suporta cargas de até 50 Kg.
A próxima a vir para o Brasil é a E-Flow, com a tecnologia de nano bolhas, a máquina dá acabamento nas peças, resinas para efeitos 3D, repelente de água, esasy care, amacia, tudo com o mínimo de água. Isso é possível porque micros bolhas de ar carregam o produto químico em sua superfície, e, ao entrarem em contato com as peças, trabalham uniformemente para finalização do beneficiamento, sem molhá-las, apenas umedecendo-as. A E-Flow trabalha com até 100 peças por vez, necessitando apenas de um pouco de água e do produto químico. O reator de fluxo de geração de nano bolhas pode ser usado com diferentes tambores rotativos: amaciamento, suavização, vestuário íntimo, roupas delicadas, jeans e denim bruto.
A queridinha da vez, a Nano, uma pequena máquina destinada a uso das lojas, propicia gravações a laser direto nas peças de jeans, e em etiquetas de couro e tecidos, tênis, bolsas, entre outros. O cliente tem a possibilidade de personalizar a peça comprada na loja em apenas 15 minutos. A Pepe Jeans foi a primeira a ousar com esse benefício dentro de suas lojas, causando muita curiosidade e sucesso entre seus clientes. Ficamos sabendo que em breve uma grife italiana instalada no Brasil, mais especificamente na Oscar Freire abraçará essa novidade.
Apesar de já possuírem representantes no Brasil, a Jeanologia se prepara para abrir em breve a Jeanologia Brasil, vamos aguardar. Para saber mais, acesse o site. No Brasil, contato com Eneko via telefone ou email: (11) 94148 9391/eneko@jeanologia.com.

Fonte | Assinatura: IOLANDA WUTZL | FOTOS: EQUIPE GUIA JEANSWEAR

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Designers criam peças de beachwear para mulheres que fizeram mastectomia

Projeto traz peças que deixam à mostra a cicatriz do seio removido


Muitas mulheres vítimas de Câncer de Mama precisam fazer uma cirurgia de mastectomia, que consiste na remoção da mama. Após esse procedimento, grande parte faz a cirurgia reconstrutiva. Porém, aquelas que optam por aceitar seu novo corpo acabam encontrando dificuldades na hora de comprar roupas. É baseado neste impasse, que foi criado o projeto Monokini 2.0, no qual uma dupla de designers finlandesas, Katriina Haikala e Vilma Metteri, desenvolveram peças de moda beachwear para este público. 

O nome do projeto foi inspirado no maiô de nome homônimo criado pelo estilista Rudi Gernreich nos anos 1960, que deixava os seios expostos. A necessidade de criar peças especiais surgiu após o contato de uma paciente chamada Elina Halttunen, que optou por não passar pelo procedimento de reconstrução após a mastectomia. “Eu não quero esconder, não quero parar de nadar, não quero passar por cirurgias plásticas, nem ser forçada a usar prótese na praia. Quero me sentir livre como sempre fui antes do câncer e o Monokini 2.0 me deu essa chance”, relatou à imprensa. Os modelos que deixam à mostra a cicatriz do seio removido, trazem recortes e aplicações, numa cartela de cores bem ampla.

A iniciativa que por enquanto é apenas um projeto artístico tem como objetivo reformular a visão do público em relação à beleza e aparência física da mulher e acabar com esse tipo de preconceito. A ideia que Monokini retrata é um modo de comportamento já abordado dentro das *Megatendências do Portal UseFashion, mais especificamente no Comportamento de consumo intitulado de Evolução do Ser, que mostra que os indivíduos estão fazendo novas escolhas e levantando questões importantes para serem discutidas dentro da sociedade. Essa aceitação do corpo como ele realmente é também tem sido alvo de muitas campanhas publicitárias, como da marca Dove que procura incentivar a beleza real através de ações estratégicas e criativas.


Fonte: http://www.calcadosdejahu.com.br/index.php/noticias/item/383-designers-criam-pe%C3%A7as-de-beachwear-para-mulheres-que-fizeram-mastectomia

terça-feira, 1 de julho de 2014

Alerta de tendência: Corpo desenhado, vestidos especiais para tamanhos especiais.

Vestido plus-size

Recortes estrategicamente localizados podem se tornar os melhores amigos na hora de criar a impressão de uma silhueta muito mais afinada.

Vestido plus-size

Mesmo quando surgem em versões discretas - como neste vestido -, os recortes também ajudam a definir as curvas.

Vestido plus-size

Os tons sóbrios disfarçam e deixam a peça elegante.

Fonte: Revista Elle

Program, a maior rede de moda plus size do país, dobra o número de lojas

Marca inaugura outra fábrica de 1 600 metros quadrados no Brás

A estilista Mônica Moraes, com 34 anos de carreira, viaja com frequência para capitais fashion como Londres e Milão em busca de inspiração para suas quatro coleções anuais. Há uma semana, ela chegou de Nova York, outra cidade que sempre visita, com um bloquinho cheio de anotações sobre estilos em alta e peças de grife para referência. “Entre pesquisa e criação, levo noventa dias para elaborar uma nova linha”, diz ela, que é um dos principais nomes por trás da Program.
Ainda pouco conhecida do público em geral, essa marca representa um fenômeno do mercado fashion nacional dentro de um nicho específico, o da moda feminina GG. Na praça há dezesseis anos, a empresa é líder do segmento especializado em numerações do 44 ao 54. A companhia vem passando por um forte processo de expansão. Desde 2012, dobrou de tamanho, alcançando sessenta pontos de venda em cidades como Curitiba, Salvador e Taguatinga, no Distrito Federal, onde fica a loja de maior faturamento.
 
Jean e Alexandre: longe dos shoppings de luxo
Só em São Paulo são dezessete endereços, o último aberto em dezembro no Tietê Plaza Shopping. Para dar suporte ao processo de engorda da rede, a Program aplicou 2,5 milhões de reais na instalação de uma segunda fábrica no Brás, de 1 600 metros quadrados, inaugurada em março. Ela tem a mesma metragem da primeira, localizada perto dali. “O investimento foi fundamental para atender ao aumento da demanda”, explica o dono, Jean Iossephides. Agora, sua produção semanal é de 20 000 a 25 000 unidades, feitas por uma equipe de 450 profissionais.
Nascido em Atenas, na Grécia, Iossephides chegou ao Brasil na década de 50 acompanhado dos pais. Foi criado em meio às peças de roupa que o casal vendia em feiras livres. Aos poucos, a família conseguiu contratar funcionários e montar uma loja no Brás.
Herdeiro do negócio, em 1998 Iossephides resolveu voltar sua atenção para o filão chamado na época de “tamanhos especiais”. “Notei a procura por peças acima do GG e tomei a frente desse segmento”, lembra. No início, a Program operava apenas no atacado, que atualmente representa 20% do volume comercializado, em quatro estoques no Brás e no Bom Retiro. A entrada no varejo, em 2001, fez o crescimento deslanchar.
Com a ajuda do filho, Alexandre, o empresário abriu a primeira unidade no Osasco Plaza Shopping e, desde então, apostou majoritariamente em shoppings populares, como o Interlagos, que registra seu maior faturamento na capital. “Ao contrário da maioria das marcas, não queremos entrar no Iguatemi”, diz o proprietário, para quem o público de classe A renova o guarda-roupa em viagens internacionais. “Foi a classe C que mais enriqueceu e engordou nos últimos tempos, e é para ela que trabalhamos.”
Dados divulgados no início do ano pela Secretaria de Estado da Saúde mostram que 52,6% dos paulistas adultos estão acima do peso, ante a média nacional de 51%. De olho nesse mercado, a Palank, outro nome conhecido desse setor, com oito lojas, todas em São Paulo, também prepara uma reformulação. Mudará a comunicação visual, passará a lançar seis coleções por ano, em vez das quatro atuais, e ainda estuda a possibilidade de aumentar o número de endereços.
Ambas as etiquetas têm o discurso de que é preciso derrubar a ideia de que o vestuário GG precisa ser senhoril e custar uma fortuna. Na Program, os preços ficam dentro do patamar fast-fashion. A calça jeans custa 129,90 reais, enquanto as camisas de algodão saem por 169,90 reais.
 
Modelo da coleção de Inverno 2014: peças acima do 44
“A grife tem a grande vantagem de estar presente em muitos lugares”, avalia a consultora Renata Poskus, organizadora do Fashion Weekend Plus Size. “Mas ainda vejo problemas: os provadores são pequenos, faltam peças para o público de 20 e poucos anos e linha de moda festa.” No último quesito, Iossephides anuncia: “Lançaremos modelos para casamentos e formaturas no ano que vem”.