Tendências remetem a fenômenos sociais de grande envergadura que apresentam uma série de características determinadas
Hoje vamos dividir com vocês algumas tendências que estão agitando o mercado e prometem render ainda mais discussões ao longo do ano. As tendências, tal como entendemos aqui na Interbrand, remetem a fenômenos sociais de grande envergadura que apresentam uma série de características determinadas: continuidade no tempo, por exemplo, é uma de suas principais. Na verdade, é justamente a permanência e a repetição que faz com que um fato se torne tendência.
O que nos interessa então, do ponto de vista de marca, não é o que podemos esperar de novo nas atitudes dos consumidores, mas sim quais são as questões que vêm definindo os hábitos de consumo que se desenrolam com mais força, qual encontrará seu ponto de maturação mais saliente, qual afetará seu negócio e, em última instância, se algumas dessas questões observadas vão, pouco a pouco, deixar de existir.
Podemos mencionar sete fatores que estiveram presentes no ano passado mundialmente e que ainda estão em pauta no mercado brasileiro e internacional:
1. O consumidor no poder
Muito se tem dito do novo papel do consumidor, considerando o auge das comunidades digitais, embora pouco se tem feito, efetivamente, com esta informação. Com essa nova posição do consumidor nos negócios, muitas marcas começaram a utilizar as redes sociais, contrataram especialistas para que as gerenciassem e dedicaram muita energia e investimento para alcançar a fluidez nas conversas. No entanto, são poucas as marcas que atribuem real valor a esse ponto: não se trata unicamente de estar, de interagir, de postar imagens lindas de produtos; se trata, principalmente, de ouvir e atuar em consequência dos insumos fornecidos pelo público. O modelo B2C havia sido destronado por aqueles que sugerem uma aproximação B&C e hoje, para o novo cenário, será B=C a nova fórmula para entender a relação que os usuários estabelecem com suas marcas
2. Transparência
Se alguém quer saber algo, vai atrás, vão lhe dizer ou não. Cada vez mais as pessoas querem conhecer a fundo o que consomem e buscam interagir com marcas e produtos que atendem às suas próprias normas. O que ocultamos de nós mesmos, será justamente o que eles trarão à tona, de uma forma – geralmente – mais grave do que corresponde a realidade. A transparência implica em um diálogo aberto entre marca e consumidor; e a honestidade se demonstra cumprindo consistentemente com a promessa de marca. Fornecer informações valiosas (sobre os aspectos positivos e também sobre os negativos), relevantes e diretas, sem ambiguidades ou que possam despertar dúvidas e ceticismo, é a chave para um relação duradoura.
3. Novos Referenciais
Instituições, partidos políticos e líderes de opinião já não são tão capazes em gerar confiança; as referências mais confiáveis passam a ser as pessoas próximas no cotidiano dos consumidores, que aos seus olhos, demonstram honestidade. Os blogs são um grande exemplo deste ponto, e os fóruns de discussão apresentam outro caminho para a construção dessa relação de confiança. Subjacente a essa tendência é a ideia das marcas se posicionarem de maneira mais humanitária, o que pode vir a ser muito mais relevante para os usuários: estabelecer uma relação com uma marca mais humana do que com uma entidade impessoal e abstrata.
4. Smart shopping
Hoje estamos vivendo uma época em que as marcas ajudam a racionalizar a compra através de todas as ferramentas e formatos digitais disponíveis. Aquela que busca ajudar o consumidor a medir seus gastos e fazê-los de forma inteligente, são as que buscam um lugar no coração deste consumidor. Assim, a compra inteligente está relacionada com a ideia de investir menos do dinheiro necessário, mas também menos esforço: poupar dinheiro e/ou tempo. As marcas que implementam esse tipo de ação se convertem naquelas que dão ao consumidor a possibilidade de ter muito mais de seu produto querido: tempo livre.
5. Menos é mais
Em vista das preocupações cotidianas, as marcas que almejam altos níveis de eficiência e pragmatismo serão aquelas que estarão alinhadas em profundidade com as situações que a maioria dos consumidores enfrentam. Menos é mais aponta, principalmente, para a forma como as marcas comunicam e entendem sua própria realidade. Após a ascensão do Twitter e de seus 140 caracteres, todas as marcas deveriam experimentar sintetizar suas propostas a partir desta perspectiva, mesmo que seja como um exercício que ajude a seleccionar com maior precisão o conteúdo de cada uma das palavras que elas escolhem para se auto-definirem.
6. Em busca da felicidade
Encontramos este tipo de comportamento ao longo de toda a história da humanidade. O que o torna particulamente atrativo hoje é que o vemos mais e mais, a felicidade está diretamente relacionada ao bem estar. A felicidade já não se apresenta como uma única meta difícil de se alcançar. Hoje há uma fragmentação na busca, há momentos felizes todos os dias. Este tipo de micro-felicidade, está muito mais atrelada com o hoje e menos com o amanhã; muito mais vinculada com situações concretas que com um estado permanente. Se trata de uma revalorização do cotidiano, dos vínculos genuínos, do desfrute daquelas coisas que são capazes de nos fazer sorrir.
7. A 3º Revolução feminina
As gerações atuais têm testemunhado como as mulheres conquistaram maior relevância na sociedade e como elas assumem cada vez mais papéis de liderança, convertendo-se em autoridade máxima seja dentro de uma empresa ou frente a um país. No entanto, vemos que diversas marcas, de todas as indústrias, ainda seguem nos mostrando mulheres que só limpam a casa, cozinham ou só se interessam por fazer compras e jamais pretendem ser as protagonistas de um comercial de bebida alcóolica. Essa atitude tendenciosa, principalmente no mercado argentino, inviabiliza as outras mulheres, as fortes, decididas e independentes, que estão presentes em diversos países e culturas, revolucionando o mundo. O problema aqui não é mostrar uma mulher fazendo tarefas domésticas. O problema é mostrar as mulheres apenas fazendo isso, sendo elas as mais bonitas da festa, vaidosas e atentas com o mercado de moda. Os grandes centros de análises de tendências do mundo trazem a tona a discussão de uma 3º revolução feminina: primeiro a luta pelo direito ao voto, depois a luta por igualdade, e hoje a luta por repensar o mundo a partir da liderança feminina. Não se trata do mundo tal como construído pelos grandes homens da historia, mas sim um mundo novo, construído por elas, à sua medida.
Em síntese, essas são as principais macrotendências que começaram a fazer barulho nos últimos tempos e que seguirão em vigência nos próximos meses. O que resulta de interessante em uma abordagem macro é o monitoramento que se segue dessas questões, representando uma ferramenta poderosa, talvez a mais poderosa para as marcas que buscam manter a liderança, construir ou apenas sobreviver
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