Um dos ramos que mais cresce e se profissionaliza no universo da moda é a profissão de Produção de Moda, haja vista que para sobreviver num mercado tão competitivo como o varejo de moda é preciso muito investimento na construção de imagens. Sempre digo que “produto por produto o cliente compra onde for mais barato”, vide sites chineses e feiras populares.
Mas para superar a concorrência desleal do preço com os gigantes asiáticos e proporcionar uma experiência de compra satisfatória, é preciso fortalecer a marca, aumentando o seu Brand Equity, ou seja, estimular através das ferramentas de comunicação o aumento da percepção de valor do consumidor.
Recentemente, deparei-me com uma campanha realizada por um grande e prestigiado shopping da capital paulista. Quando esperava o elevador para acessar o shopping, encontrei adesivado em suas portas a imagem que vocês veem abaixo. Continuei meu percurso, sem dar muita importância para o fato.
Mas, ao entrar em outro elevador, logo percebi que o efeito produzido por aquela imagem era mais incoerente do que eu pudera imaginar. Isso se deu quando um rapaz comenta com a sua acompanhante: “nossa, não tem nada a ver a roupa desse casal”.
De fato preciso concordar com ele. Há muitos signos desconexos nessa comunicação. E é papel do profissional de Produção de Moda compor os looks – e obedecer algumas regras – para gerar uma imagem final coerente com aquela que se deseja comunicar, tornando o produto final identitário e desejado pelo receptor.
Assim, tomemos este case como exemplo para discussão de alguns aspectos.
1. A moda tem proporcionado cada vez menos regras na forma de nos vestirmos, porém, aquelas que ainda perduram referem-se, principalmente, ao senso de proporção, ou seja, independentemente ao estilo pessoal que se busca construir numa produção de moda, a gravata do homem deve sempre terminar rente ao cinto.
2. Observe que a barra da calça foi inadequadamente virada para fora, evidenciando além das costuras internas uma total falta de técnica e apreço com o look, tornando-o também lo mais barato do que é.
3. A falta de zelo na produção de moda e, consequentemente, na imagem final produzida, fica evidente na camisa amarrotada. Apenas fotos externas (fora de estúdio) justificariam uma peça minimamente amassada.
4. Você percebe que o sapato da modelo não dialoga com o vestido? Essa falta de comunicação se dá pela incoerência no estilo das peças escolhidas. O vestido é gritantemente Sexy, isto é, um tecido que evidencia o corpo, modelagem justa, área grande de pele à exposição, curto comprimento da peça e cinto de couro sintético; enquanto que o sapato é de um estilo totalmente Clássico.
5. Note como a imagem projetada por cada modelo parece-nos incompatível e como sua imagem final também não reflete a imagem que o shopping, enquanto uma empresa, tem historicamente comunicado aos seus clientes. Essa incoerência é provocante e pode gerar uma sensação de descrédito, além do não reconhecimento do lugar/produto/serviço como adequado as necessidades e interesses do consumidor.
Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP
http://lopesstore.blogspot.com.br/2013/12/producao-de-moda-aprendendo-com-os-erros.html
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