Se o presidente da Fiep, empresário de Capanema Edson Campagnolo, fosse candidato a presidente do Brasil, estaria com seu discurso de estadista na ponta da língua.
E a julgar pelos aplausos e cumprimentos que recebeu na noite do dia 18 de Agosto, quando da comemoração dos 70 anos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, estaria respaldado por uma importante parcela da sociedade brasileira: a dos empresários e empreendedores do país.
Os candidatos a presidente da República, porém, não tocam nos pontos elencados por Edson, pontos que de certa forma estão latentes junto ao setor produtivo, mas longe das propostas dos pretendentes ao Palácio do Planalto para o período 2015-18.
Edson começou questionando o tamanho do Estado brasileiro. Não só na esfera Executiva e Legislativa, mas também do Judiciário.
"Somos todos trabalhadores. Mas quando nós, industriais, chegamos à Justiça do Trabalho, quase sempre chegamos como culpados. No Brasil, as indústrias gastam US$ 110 bilhões em litígios, por ano", denunciou.
Citou em seguida as reclamatórias trabalhistas de outros países, EUA, Japão, do continente europeu: tudo na casa do milhar. "No Brasil são 7 milhões de ações trabalhistas em tramitação", disse. "Será que somos tão ruins assim", ironizou. "Isso nos entristece, somos humilhados de tal maneira que muitos de nós desistem, ou vão investir em outros países", revelou.
Edson também questinou o porquê da vitaliciedade dos ministros dos tribunais. "A estrutura da Justiça Trabalhista custa 15 bilhões de reais por ano ao país", disse. "Por que juiz ou promotor precisa de auxílio-moradia? Quando a pessoa faz concurso ela sabe que pode ir para Capanema, e vai ter que se virar", comentou, citando a cidade sudoestina na qual cresceu profissionalmente.
Legislativo
Edson também, questionou o gasto público com câmaras de vereadores. "Poderia ser um trabalho sem salário, voluntário; hoje são apenas cabos eleitorais."
Foi muito aplaudido em diversos momentos de sua intervenção, também quando considerou "exagerado" os 39 ministérios em Brasília, quase 30 secretarias estaduais e cerca de 20 mil cargos de confiança do governo federal.
Edson também condenou a corrupção, lembrando que dados do Banco Mundial colocam o Brasil em posição vergonhosa nesse quesito. Sobre infraestrutura, lamentou a situação dos portos, rodovias e ferrovias do país, sublinhando que a sociedade está cansada de promessas não cumpridas dos políticos - muitos aplausos.
"Vote bem"
"E teremos eleições!", exclamou, finalizando com a apresentação da peça publicitária do projeto da Fiep "Vote bem". A campanha, que tem a parceria da ONG Transparência Brasil e entidades representativas de classes, vai monitorar e publicar o perfil de cada candidato do Paraná, que vai concorrer nestas eleições. "São mais de mil candidatos no site. Prestem atenção naquelas informações. Não vamos mais perder as incríveis oportunidades que nosso país maravilhoso tem a oferecer".
Homenagens
A fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, foram condecorados com a honraria Pinheiro de Ouro.
Presidente da CNI desde 2010, Robson Braga de Andrade exaltou o papel dos empreendedores diante de dificuldades econômicas e de crescimento. "Todos nós, empreendedores trabalhadores, temos o ideal de construir um Brasil melhor e mais forte, com qualidade de vida. Ao olharmos para trás, vemos que melhoramos muito, mas que ainda há muitos desafios. Mas é importante reconhecer a força de cada industrial que batalha por melhorias todos os dias, ao se dirigir para seu trabalho. Sinto-me honrado por esta homenagem, desta importante federação", agradeceu.
A homenagem a Zilda Arns foi recebida por sua filha, Heloisa Arns Neumann Stutz. Morta durante um terremoto no Haiti, em janeiro de 2010, Zilda foi lembrada por sua trajetória de valorização das pessoas. "Ela mostrou que o pouco pode fazer muito e mudar a vida de muita gente, com um número grande de voluntários. Esta é a mensagem que fica de minha mãe - vamos refletir sobre o que a gente tem e que pode ser dividido com o próximo - um conhecimento, uma ideia, um ideal", pediu Heloisa, em seu discurso de agradecimento.
Sudoeste
O Sudoeste esteve presente com algumas lideranças, como os empresários Edgar Behne (Marel) e Roberto Pécoits (Gralha Azul), o presidente da Acefb, Marcos Guerra, e o diretor da Associação, Juares Ribeiro. O superintendente do Sebrae Vítor Tiocheta também prestigiou.
Conhecidos na região, como Dimas Fonseca (que comandou o Sesc de Beltrão nos anos 90) e Paulo Apelles de Oliveira (que comandou o campus da UTFPR de Beltrão na década passada) - ambos atualmente trabalhando em Curitiba - também estiveram na Fiep.
Entre as autoridades mais prestigiosas, o vice-governador Flávio Arns (PSDB), o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), os senadores Roberto Requião (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Álvaro Dias (PSDB). O governador Beto Richa (PSDB) não compareceu porque tinha uma entrevista política na TV Record.
Abaixo estão os links do discurso em vídeo, na íntegra.
Discurso Presidente da FIEP - Parte I
Discurso Presidente da FIEP - Parte II
Discurso Presidente da FIEP - Parte III
Discurso Presidente da FIEP - Parte IV
Fonte:
http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticias/182163/nos-70-anos-da-fiep--presidente-edson-campagnolo-faz-discurso-de-estadista-/4