A falta de compreensão sobre o uso do design como parte de todo o processo de desenvolvimento de produtos - e não apenas como adereço ou "toque final" - tem colocado empresas brasileiras na contramão da tendência mundial e prejudicado seu desempenho no comércio exterior.
Tal conclusão é parte de um estudo pioneiro sobre as relações entre o uso do design como cultura e estratégia empresarial e seu impacto sobre as exportações, realizado pelo Centro Brasil Design em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Os resultados devem nortear alterações nas políticas públicas sobre design no país, inclusive na revisão do decreto que institui o programa brasileiro de design (PBD), criado em 1995.
Tal conclusão é parte de um estudo pioneiro sobre as relações entre o uso do design como cultura e estratégia empresarial e seu impacto sobre as exportações, realizado pelo Centro Brasil Design em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Os resultados devem nortear alterações nas políticas públicas sobre design no país, inclusive na revisão do decreto que institui o programa brasileiro de design (PBD), criado em 1995.
Sob o título "Diagnóstico do Design Brasileiro", o estudo foi desenvolvido com base em pesquisas realizadas durante oito meses, com mais de 300 empresas brasileiras, de diversos setores. Para quase metade delas, o design não se aplica como fator de contribuição em suas exportações, em oposição às empresas europeias - onde mais da metade indicou este como fator decisivo e presente no dia a dia da empresa.
No Brasil, ainda impera, segundo o relatório, o uso de freelancers de design na elaboração final do produto. A falta da gestão de design como parte da cultura da empresa, que pode parecer economia de recursos à primeira vista, transforma-se mais à frente em dificuldades para adequar os produtos a diferentes mercados externos, em pouca atenção ao registro de patentes e, por fim, em um volume de exportação aquém do potencial.
Alguns dos setores com pior desempenho em termos de gestão de design estão justamente entre os maiores exportadores. É o caso de máquinas e equipamentos, que tem cerca de 20% do faturamento ligado à exportação, e de médico odonto-hospitalar, no qual as vendas para outros países representam em média 12,3% do faturamento.
O estudo aponta que, por possuir cultura de engenharia que parece ser contrária à interferência do design no processo, o setor de máquinas e equipamentos brasileiro obtém cerca de 7,5% do faturamento com novos produtos, quando seus equivalentes europeus têm por volta de 35% de seu faturamento nesse campo. Empresas que têm equipes de design contratadas normalmente estão mais atentas a esse tipo de oportunidade de mercado, como o lançamento de produtos novos. Logo, faturam mais nesse quesito, segundo a pesquisa.
Em relação à propriedade industrial, as empresas brasileiras também estão passos atrás dos equivalentes estrangeiros: o país está na 28ª colocação entre as nações que mais solicitam patentes de produtos. Em 2012, o Brasil acumulou 33.395 solicitações de patentes no INPI. Porém, foram concedidos apenas 3.130 registros. E destes, foram 21% advindos de residentes no Brasil, enquanto 79% são provenientes de não residentes. Pelo mundo, empresas e pesquisadores brasileiros pediram em 2012 o registro de 6,6 mil patentes, dez vezes menos que a França, 20 vezes menos que a Alemanha e quase cem vezes menos que a China.
A área do design também enfrenta, aponta o relatório, suas dificuldades no país, como a grande dificuldade para aquisição de tecnologia, por conta da alta tributação dos produtos, e a perda de talentos para o exterior. A boa notícia é que cresceu em 1900% a produção acadêmica sobre design no período de 1993 a 2010. O relatório aponta a necessidade de uma agência governamental, com recurso próprio, produção acadêmica e transferência de conhecimento à indústria como um caminho possível para integrar o design à cultura das empresas e melhorar o volume de exportação.
O estudo foi bem recebido pelos representantes de nove setores da indústria brasileira presentes ao evento de lançamento (máquinas e equipamentos; médico-odonto-hospitalar; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; mobiliário; embalagem para alimentos; calçados; têxtil e confecção; cerâmica de revestimento e audiovisual). Recebeu, no entanto, algumas ressalvas de representantes de entidades governamentais em relação às linhas de financiamento para a área já existentes, cuja eficiência foi pouco explorada no levantamento.
Segundo Beatriz Martins Carneiro, coordenadora de análise da competitividade e desenvolvimento sustentável do Mdic, o ministério trabalha na revisão do PBD. "Estamos trabalhando no desenho de uma nova política pública para o design. O ministério encara o design como um instrumento de competitividade", afirma.
Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/3586152/falta-de-gestao-em-design-atrapalha-exportacoes-brasileiras-diz-estudo#ixzz3508CxRJi
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