quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Para Paulo Borges, idealizador do SPFW, problema da moda brasileira não é estilo, é preço

A alta tributação no setor têxtil impede que a moda do País seja competitiva no mercado mundial em termos de custo.

Paulo Borges, idealizador do SPFW: para o empresário, falta incentivo do governo para o setor
Se nas passarelas os negócios em torno do São Paulo Fashion Week (SPFW), que começa na segunda-feira (28), mostram que o momento para a moda é favorável e atrai cada vez mais marcas, o mesmo não se pode dizer do desempenho das vendas da moda brasileira em relação aos importados , principalmente os chineses. Boa parte do problema segundo Paulo Borges, CEO do grupo Luminosidade e idealizador do evento, está no elevado volume de impostos que encarece os produtos e atrapalham tanto a competitividade no mercado interno quanto as exportações. “O grande problema que o Brasil enfrenta é o custo. A gente tem uma produção limitada e que custa muito caro. Como é que você vai exportar? Não é questão de estilo, é uma questão de preço”, observa ele.

Segundo Paulo Borges, apesar da economia do País ter passado por uma oscilação, ela continua forte e o varejo não foi afetado. "Se falou neste ano que a moda está em crise, mas não está. O varejo está crescendo”, diz ele. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que as vendas do comércio varejista aumentaram 1,83% em setembro . No acumulado do ano, a alta passa para 4,42% na comparação com janeiro a setembro de 2012.

“O que está em crise é o processo [de produção], que não se transforma como deveria”, comenta o empresário. “A gente está falando aí de reforma tributária e reforma trabalhista. O encargo na mão de obra [brasileira] é um crime. (...) E esse não é um problema só da moda”, completa. Borges, que esteve recentemente nos Estados Unidos, faz uma comparação entre o preço de uma garrafa de água lá e uma aqui. “Um fardo de água com 32 garrafinhas era US$ 3. No Brasil, a gente estaria comprando isso por US$ 30. Esse é o problema”, avalia.

No entanto, Borges observa que a complexidade da indústria têxtil piora a situação em relação a outros setores. Como a vestimenta passa por diversas empresas durante sua produção, desde a confecção do tecido até a produção da peça e a venda do produto final no varejo, a cobrança de impostos acaba sendo maior. “A moda é um network [do inglês, cadeia de trabalho] tão grande e isso vai ‘bi-tributando’, ‘tri-tributando’. Na hora em que a pessoa vende a conta não fecha, então cobra mais caro”, diz ele, que também culpa o alto custo da produção pela falta de inovação das empresas.

De acordo com Paulo Borges, a moda também enfrenta desvantagem quando se trata de incentivo do governo, ao contrário do que aconteceu com a indústria automobilística e de eletrodoméstico, com a redução temporária do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). “A gente cobra isso o tempo todo e não tem resposta. Essa é a grande incógnita”, fala ele.

Na manhã da última quarta-feira (23), trabalhadores do setor têxtil se reuniram em frente ao Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, onde aconteceu a Feira Internacional de Produtos Têxteis, para protestar contra o aumento das importações , principalmente da China e da Índia, e o aumento das demissões em virtude do fechamento de fábricas. Em nota, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, afirma que “o Brasil precisa urgentemente se tornar um País competitivo para não se desindustrializar”.

SPFW tem novos parceiros

A semana de moda paulistana anunciou na última quarta-feira (23) as parcerias com a operadora da maior rede de comércio digital do mundo, o eBay, e com a empresa de TV via satélite, Sky. De acordo com o idealizador do evento de moda, Paulo Borges, a medida visa “a construção da cultura de moda e percepção de moda enquanto negócio”.

O eBay escolheu o SPFW para lançar oficialmente sua chegada ao País. “Para eles, [o SPFW] é a grande plataforma de difusão da moda, e a gente está trazendo com isso uma inovação para o mercado brasileiro”, comenta Borges.

Já a Sky, que transmitirá conteúdo do São Paulo Fashion Week em sua programação durante seis meses para seus assinantes, conta com um histórico no evento. “Antes de ser Sky, ela era DirecTV, que foi patrocinadora do SPFW por muitos anos, então para nós é um retorno”, conta o empresário.

Com o tema “Deslocamentos”, a 36ª edição do SPFW acontece entre os próximos dias 28 e 1º de novembro, no Parque Villa-Lobos, zona Oeste de São Paulo.

Via Murilo Aguiar - IG São Paulo

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